Um dos maiores desafios dos pais atualmente é garantir uma alimentação equilibrada e saudável para os filhos. Com tantas opções industrializadas, prontas para oferecer à criança, na correria do dia a dia é difícil não ceder à tentação de apenas abrir um pacote para oferecer uma refeição completa.
Em contrapartida, os pais têm como maior objetivo garantir aos filhos uma infância feliz, saudável e segura e a alimentação é uma parte extremamente importante dessa trajetória. É o que garante um desenvolvimento saudável e evita possíveis problemas de saúde no futuro.
Manter uma alimentação saudável na infância vai favorecer o desenvolvimento infantil, aumentar a imunidade, melhorar o sono, a aprendizagem e proporcionar diversos benefícios que vão refletir durante toda a vida. Diante disso,é de extrema importância que os pais incentivem os pequenos a manter hábitos de alimentação saudável e ofereçam refeições ricas em nutrientes importantes.
Esse cuidado com os alimentos oferecidos às crianças deve começar já na introdução alimentar e seguir durante a infância. Isso é um fator decisivo para o desenvolvimento dos pequenos que vão trazer benefícios a longo prazo, junto com outros hábitos saudáveis.
Nutrientes indispensáveis e essenciais para o desenvolvimento da criança
Todos os nutrientes são extremamente importantes para o nosso corpo, mas, alguns deles são essenciais para o desenvolvimento das crianças, uma vez que seu corpo está em constante crescimento. Saiba os principais deles:
Vitaminas: são micronutrientes essenciais que auxiliam para a geração de energia, fortalecem o sistema imunológico e atuam no funcionamento do corpo como um todo;
Minerais: indispensáveis para a formação e manutenção dos ossos, tecidos e dentes;
Proteínas: são fundamentais para o desenvolvimento da criança e devem ser intercaladas na alimentação, inserindo na rotina tanto as de origem animal (carnes, ovos e leite) como de origem vegetal (leguminosas e cereais);
Fibras: são as responsáveis pelo bom funcionamento do intestino. Importante oferecer alimentos ricos em fibras desde o início da introdução alimentar;
Gorduras: ajudam na absorção de vitaminas pelo organismo e tem função energética;
Ômega-3: auxilia no desenvolvimento e manutenção dos sistemas cardiovascular e imunológico e ajuda no desenvolvimento da cognição.
Carboidratos: fornecem energia ao corpo e são encontrados principalmente nos cereais e grãos.
Esses nutrientes não auxiliam apenas no desenvolvimento dos pequenos, mas também fornecem energia para que eles possam brincar e explorar, possibilitam o fortalecimento da imunidade e melhoram o raciocínio para aprender novas atividades.
Vitaminas para a imunidade
Todos os pais têm uma preocupação especial com a imunidade das crianças. E quando o assunto é a manutenção do sistema imunológico, duas vitaminas merecem destaque: vitamina C e D. Elas são muito importantes para diversas funções e sínteses do organismo e aliadas da imunidade.
Vitamina C: está presente em frutas cítricas como morango, abacaxi e laranja e é um antioxidante potente que contribui para as funções regulatórias do corpo. Ela auxilia na absorção do ferro, na produção de colágeno e na regeneração das células. Diante disso, tem um papel importante no combate de infecções virais e no tratamento de inflamações.
Vitamina D: ela está associada à imunidade inata, a primeira linha de defesa do nosso corpo. São os primeiros processos que ocorrem no organismo para neutralizar ameaças como a presença de vírus.
Crianças que possuíam maiores níveis de vitamina D no organismo se mostraram menos suscetíveis a infecções por vírus e bactérias segundo um estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade Jikei, no Japão. O estudo assegurou que a ação dessa vitamina é muito importante no combate às infecções respiratórias que são comuns em bebês e crianças em fase escolar.
Vale ressaltar que nosso corpo é capaz de sintetizar a vitamina D naturalmente por meio da exposição aos raios UV. Na alimentação é possível encontrar a vitamina na composição de alimentos como atum, salmão, ovos e carnes.
A suplementação de vitaminas pode ser uma alternativa complementar à alimentação como forma de reforçar os níveis dos nutrientes na dieta das crianças. Um exemplo atual envolve a vitamina D, recomendada por médicos a sua suplementação em bebês dos sete dias aos dois anos de vida. Importante ressaltar que a suplementação deve ser feita mediante recomendação do pediatra ou nutricionista.
Nutrientes para cognição
O ômega-3 é um dos nutrientes mais importantes quando se fala em benefícios para a cognição em todas as fases da vida. Ele é um ácido graxo encontrado em alguns alimentos, com destaque para o óleo de peixe. Auxilia no processamento mental, no desenvolvimento psicomotor e na coordenação, além de ter ação preventiva ao déficit de atenção, fatores que estão diretamente ligados ao aprendizado. Inclusive, é recomendada a suplementação de ômega-3 para a mulher durante a gravidez, para auxiliar no desenvolvimento do cérebro do bebê.
Como é um nutriente mais difícil de se obter por meio da alimentação, é possível conversar com o pediatra sobre a possibilidade da suplementação para manter seus níveis altos no organismo. Hoje, há opções de ômega-3 líquido com sabor de frutas para aquelas pessoas que têm dificuldade em ingerir cápsulas ou desconforto com o sabor marcante do óleo de peixe.
A importância da hidratação
Manter os níveis de nutrientes altos no organismo é essencial, mas também não se pode esquecer da hidratação. Ela tem um papel fundamental no funcionamento do cérebro, principalmente nas atividades associadas à atenção, memória e raciocínio.
É importante observar as crianças, pois elas brincam, pula, gastam energia e só lembram de beber água quando sentem sede e, às vezes, nem nesse momento. Por isso, é importante oferecer água regularmente e esse hábito deve começar desce a introdução alimentar, quando o bebê ainda não sabe expressar suas vontades.
O açúcar na infância
O consumo de açúcar causa malefícios a qualquer pessoa em qualquer momento da vida, mas, no caso das crianças, essa questão merece uma atenção redobrada, pois o consumo de açúcar logo na primeira infância pode causar sérios problemas de saúde a longo prazo.
O Ministério da Saúde recomenda que não seja oferecido açúcar às crianças pelo menos até os dois anos de idade. Mas, mesmo após esse período é preciso ter cautela em relação ao consumo de açúcar e, se possível, evitá-lo.
Mas, o que acontece se a criança consumir açúcar? Ao entrar em contato com o organismo da criança o açúcar ocasiona um pico rápido e alto de glicose, liberando insulina, que, da mesma forma, sofre uma queda brusca. Esse mecanismo faz com que, diante da quantidade de insulina liberada para metabolizar o açúcar seja liberada também a dopamina, o que faz com que a criança tenha muita energia num primeiro momento.
Mas, depois de gastar toda a energia produzida, o corpo libera cortisol e adrenalina, hormônios que geram irritabilidade, estresse e cansaço extremo, o que pode ser prejudicial para o comportamento infantil, já que as crianças ainda não possuem ferramentas para lidar com essa variação de emoções.
Outro ponto negativo do açúcar é que ele é responsável por mascarar o sabor da comida, o que torna mais difícil o incentivo à criança para que ela prove alimentos variados e com sabores diversos, prejudicando uma alimentação balanceada.
É por isso que é preciso ter cuidado ao oferecer alimentos industrializados para as crianças e, quando o fizer, prestar atenção aos rótulos, pois o açúcar pode estar “mascarado” na composição com outras denominações, como: frutose, sacarose, xarope de glicose, maltodextrina, agave néctar/syrup e caramelo.
Ainda, o açúcar está associado a diversos prejuízos para a saúde como a obesidade infantil e problemas na higiene bucal, como o surgimento de cáries. Diversos estudos alertam para os impactos do consumo em excesso de açúcar ao longo da vida.
Mas, diante dos malefícios do açúcar, os pais buscam formas de adoçar o lanche dos pequenos de forma saudável e isso é possível. Adoçantes naturais como xilitol, estévia e palatinose. Quanto a essa última, um estudo realizado com crianças pelo Departamento de Psicologia de Swansea, no Reino Unido, comprovou que crianças que ingeriram palatinose no café da manhã, três horas depois dessa refeição apresentaram melhores resultados em relação à concentração, memória, formulação das informações e até mesmo no humor.
Alimentos que influenciam na qualidade do sono
Ter um sono de qualidade também faz parte de uma infância feliz e saudável. É durante o sono que as crianças conseguem processar e organizar as informações aprendidas e restauram as energias.
Apesar de diversos fatores influenciarem no sono, uma alimentação saudável e nutritiva pode auxiliar nesse processo, uma vez que existem nutrientes que podem estimular a sensação de relaxamento e bem-estar, fatores necessários para uma boa noite de sono.
Nutrientes como vitamina A, triptofano e vitaminas do complexo B, por exemplo, influenciam naturalmente a produção de hormônios importantes produzidos para a hora do sono, favorecendo um descanso reparador durante a noite das crianças.
Conheça os principais alimentos que possuem esses nutrientes:
Triptofano: castanhas; banana, abacate; couve-flor; frutos do mar.
Vitamina A: couve; cenoura; manga; espinafre; abóbora.
Vitaminas do complexo B: peixes; cereais integrais; carnes vermelhas; ovo; leite.
Fibras, o intestino e o bem-estar
As fibras têm um papel importante para o bom funcionamento do intestino, mas, também trazem outros benefícios que contribuem para o bem-estar das crianças. Elas são divididas em solúveis e insolúveis, que tem mecanismos diferentes no organismo.
Fibras solúveis: são diluídas facilmente pela água e formam uma espécie de gel no intestino capaz de proporcionar uma sensação de saciedade por um tempo prolongado. Elas são responsáveis pela formação de uma barreira que torna o processamento de carboidratos e gorduras mais lento, o que evita picos de glicemia no copo.
Além disso, as fibras solúveis tem capacidade de fermentação, um processo que se torna favorável ao desenvolvimento dos lactobacilos e bífidos, bactérias responsáveis pelo aumento da microbiota intestinal. Esse processo tem a capacidade de frear o crescimento de bactérias patogênicas, o que irá prevenir o aparecimento de doenças gastrointestinais.
Fibras insolúveis: essas não se diluem tão facilmente e são eliminadas praticamente inteiras nas fezes e é por isso que são importantes, pois quando chegam no intestino grosso estimulam os movimentos peristálticos, o que facilita a evacuação e previne problemas com constipação.
Uma alimentação equilibrada e nutritiva garante o fornecimento dessas fibras, pois elas são encontradas em frutas, legumes e verduras. Garantindo que as crianças comam esses alimentos, isso vai estimular o funcionamento do intestino e proporcionar benefícios para o seu organismo se desenvolver.
Dicas para oferecer uma alimentação saudável para as crianças
É de extrema importância incentivar uma alimentação saudável desde a infância para garantir o bom desenvolvimento das crianças e todos os benefícios que esse hábito traz. É preciso priorizar fontes nutritivas e hábitos que aproximam as crianças dos alimentos de um jeito divertido.
Confira algumas dicas:
- Varie sempre os alimentos oferecidos: aposte em novos alimentos, texturas e sabores para incentivar a criança a explorar. O paladar dos pequenos passa por diversas mudanças ao longo do crescimento, então é normal ela aceitar ou recusar alimentos durante o crescimento. Diante disso, é importante apresentar novos formatos, preparações, texturas e sabores como forma de incentivo para que as crianças sempre experimentem algo novo e escolham seus preferidos, sempre dentro de um grupo de alimentos saudáveis.
- Dê preferência para pratos coloridos e divertidos: as refeições podem ser um momento divertido e cheio de descobertas para as crianças, então aposte nisso para garantir uma alimentação equilibrada. Por exemplo, ao invés de oferecer apenas uma fruta picada, aposte em cortes variados, geométricos e em formatos diferentes. Essas variações aguçam a imaginação das crianças e incentiva a criatividade, que facilita para que os pequenos queiram experimentar os alimentos.
- Inclua as crianças no momento da preparação dos alimentos: essa é uma forma de apresentar a eles comidas e receitas que eles não conhecem, mostrando o caminho que cada alimentos percorre até chegar no prato. Esse é um bom momento para uma conversa explicando sobre a importância de cada alimento para o desenvolvimento deles ou contar uma história sobre os ingredientes. Transforme esse momento e as refeições em tempo de qualidade com as crianças.
- Escolha boas fontes de fibras, vitaminas e minerais: para isso, opte por produtos feitos com ingredientes saudáveis e sem açúcar. É possível encontrar opções de achocolatados, sucos e chocolates com alta concentração de vitaminas. Mas, vale ressaltar que o ideal é sempre oferecer os alimentos na sua forma mais natural para as crianças e só quando necessário complementar com opções saudáveis.
Ademais, é importante frisar que ao priorizar uma alimentação saudável na infância estaremos proporcionando mais qualidade de vida, saúde e bem-estar para as crianças e essa ação terá reflexo durante toda a sua vida!